domingo, 30 de setembro de 2012

Mudanças.


Éramos crianças e mal podíamos esperar para crescer. O mundo de gente grande era quase tão fascinante quanto os contos de fada. Mas com toda a nossa inocência estávamos, como de costume, enganados. O crescer não era tão bom assim, mas a gente não sabia. Foi quando trocamos a decoração infantil do quarto por uma com paredes repletas de pôsteres, quando guardamos os brinquedos no fundo de caixas porque já não sabíamos mais brincar, foi quando começamos a achar os meninos menos chatos e a usar lápis de olho que nos demos conta que estávamos crescendo. Vimos então, à medida que nosso corpo mudava, as responsabilidades crescerem junto. Percebemos aí que não dava mais pra conseguir o que queríamos com um simples bico. Que se dormíssemos no sofá não acordaríamos na cama como era antes. Que as amizades estavam se tornando relações mais complexas que o simples ato de dividir o lanche na hora do recreio. Não há quem diga que crescer é fácil e se houver, peço que prove. Hoje sabemos que ser grande está bem longe dos contos de fada e às vezes até desejamos lá no fundinho da alma poder voltar a ser criança. E por isso lhes digo que aprendam a lição... Não esperem demais do futuro e aproveitem cada coisa em seu tempo. E que do passado só sobrem boas recordações, em caixas de fotografia amareladas e cobertas de poeira. 

Clarice Marques.
“Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze.

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